Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Licenciatura em Letras (LED 0259) – Seminário da Prática do Módulo VII
Trabalho
apresentado na VII Jornada Acadêmica de Integração - JOIA
19/05/2017
RESUMO
Examinando acerca das novas propostas do processo
ensino-aprendizagem da língua, alicerçadas numa investida
que tem como eixo os estudos sobre gêneros textuais como objeto de ensino, se desenvolveu este
trabalho com os objetivos de avaliar, refletir e compreender acerca dos gêneros
textuais no ensino da linguagem em sala de aula, com abrangência nas
perspectivas e sugestões dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Fundamental. Com esta conjectura foi realizado um
estudo embasado em estágios curriculares, disciplinas do curso de Letras da
Uniasselvi e teóricos como Bakhtin (2000), Dolz (2015), Marcuschi (2007, 2008),
Melo (2010b), Tafner (2011) e outros. Esta pesquisa teve como enfoque o gênero editorial. E através da análise dos dados, podemos perceber que as
práticas pedagógicas do ensino da linguagem, conforme sugerem os PCNs, ainda
são carentes de uma metodologia mais eficiente, com uma abordagem mais prática
de contextualização e
características de diversos gêneros textuais, de maior uso e funcionalidade na
vida cotidiana.
Palavras-chave: Gêneros textuais. Editorial. Metodologia.
TEXTUAL
GENRES AS A TEACHING PURPOSE
ABSTRACT
Examining the new
proposals of the teaching-learning process of the language, based on an
investigation that has as its axis the studies on textual genres as object of
teaching, this work was developed with the objectives of evaluating, reflecting
and understanding about the textual genres in the teaching of language in the
classroom, covering the perspectives and suggestions of the National Curricular
Parameters (PCNs) of Elementary School. With this conjecture, a study based on
curricular stages, Uniasselvi's course of literature, and theoreticians such as
Bakhtin (2000), Dolz (2015), Marcuschi (2007, 2008), Melo (2010b), Tafner
(2011). This research focused on the editorial genre. And through data
analysis, we can see that the pedagogical practices of language teaching, as
suggested by NCPs, are still lacking in a more efficient methodology, with a
more practical approach to contextualization and characteristics of several
textual genres, of greater use and functionality in everyday life.
Keywords: Textual genres. Editorial.
Methodology.
1 INTRODUÇÃO
Em continuidade ao meu trabalho de Projeto de Ensino, alinhado
com minha área de concentração “Ensino da Língua Portuguesa” e com as novas propostas do processo ensino-aprendizagem
da Língua Portuguesa, este trabalho foi realizado com uma investida nos estudos
sobre gêneros jornalísticos, e/ou midiáticos no ensino da linguagem. Com esta
proposição realizou-se um enfoque sobre as práticas pedagógicas do ensino dos
gêneros textuais na sala de aula.
Compreendem-se por gêneros textuais os elementos de
natureza sociocultural, que consolidam a língua nas várias ocorrências
sociocomunicativas. Assim, de acordo com diversos estudiosos da língua, como
Bakhtin (2000), Dolz (2015), Marcuschi (2007, 2008), Tafner (2011) e outros,
quando se estuda um texto, se têm como eixo os gêneros textuais, pois, todo
texto se desponta de um gênero textual, sendo objeto de relevância no ensino da
linguagem, pelo seu emprego e utilidade habitual.
Com a finalidade de avaliar, refletir e compreender
criticamente as práticas pedagógicas dos gêneros textuais no ensino da língua
portuguesa, em sala de aula, realizou-se esta pesquisa de cunho documental, apoiada
em vários teóricos e uma investigação de campo concretizada numa escola pública
do ensino fundamental, do município de Parauapebas (PA), com observações em
aulas de professores do 9º ano do ensino fundamental.
Diante da inúmera diversidade
de gêneros textuais, na pesquisa de campo foi elucidado em salas de aulas,
sobre alguns gêneros jornalísticos (midiáticos) como: notícia, reportagem, editorial,
entrevista, artigos e outros. Com foco no gênero editorial, por se tratar de um
gênero opinativo, do tipo textual dissertativo-argumentativo, de temas polêmicos
do nosso cotidiano, muito utilizado em concursos, vestibulares e no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta pesquisa ficou perceptível que os
professores de Língua Portuguesa, ainda, estão atrelados aos livros didáticos,
necessitando de uma metodologia mais eficiente, que lhes forneçam sustentação
teórica na didática da língua materna, quanto aos aspectos dos gêneros textuais
de práticas sociais.
2 DISTINÇÃO ENTRE TIPOS
TEXTUAIS E GÊNEROS TEXTUAIS
Assim como os PCNs e vários autores recomendam que, o ensino da linguagem
deve ser fundamentado com enfoque nos gêneros textuais, mas é nítido que há um conflito
entre a designação de tipos textuais e gêneros textuais, implicando na necessidade
de destacar que há uma distinção entre essas duas expressões, que segundo
Tafner, (2011, p.124), é de suma importância à concepção dessa diferença, na prática
de qualquer trabalho com produção e compreensão textual. A autora observa que a
expressão tipo textual serve de desígnio a uma espécie de seguimento, que
supostamente é definida pela natureza linguística de sua composição lexical,
sintática e gramatical, aferida por uma pequena camada classificada como:
narração, descrição, argumentação/exposição e injunção. E difere de gênero
textual que serve para referenciar os inúmeros textos concretizados nas produções
das mais diversas interações sociocomunicativas do nosso cotidiano. A autora avulta
também que em oposição aos tipos textuais que são dinâmicos, os gêneros
textuais são divergentes e possuem características funcionais, estilo e composição
particulares, conforme a intencionalidade de cada comunidade linguística, o que
os tornam infinitos, dos quais podemos citar: as cartas (comercial e pessoal),
bilhete, reportagem jornalística, notícia, editorial, artigos, outdoor, bula de
remédio, edital, piada, carta eletrônica, e-mail, chat e outros.
Vários linguistas, como Bakhtin (2000), Dolz (2015) e
outros, acentuam que os gêneros textuais são heterogêneos e Marcuschi (2007, p.24-25),
assinala que: os gêneros enquanto inúmeras entidades sociodiscursivas, são produções
textuais escritas e orais suficientemente consolidadas, ligadas a um contexto
socio-histórico, de acordo com as inúmeras atividades comunicativas do cotidiano
social.
Os PCNs destacam que: “[...] A produção de discursos não acontece no
vazio. Ao contrário, todo discurso se relaciona, de alguma forma, com os que já
foram produzidos. [...]”. (BRASIL, 1998, p.23). Portanto, toda produção
discursiva não sucede isolada, ao contrário está integrada de algum modo com
elaborações textuais precedentes, numa analogia de interação social, com
intertextualidade, onde todo texto se organiza dentro de um determinado gênero
em função e uso dos intuitos sociais determinados pela produção dos discursos.
Considerando as diferenças existentes entre os gêneros
discursivos, Bakhtin (2000, p. 281) divide-os em primários e secundários, que
segundo o autor, os gêneros primários estão vinculados a um campo de atividade
mais elementar, presentes no cotidiano do falante, como a carta, o bilhete,
etc. Em equivalência, os gêneros secundários estão atrelados a um campo de
atividade mais intricada, pois os mesmos aparecem em circunstâncias complexas e
referentes, de forma progressiva, em essencial na escrita literária, científica
e sociopolítica.
Para Bakhtin (2000, p. 281), os gêneros secundários
podem absorver e transformar os gêneros primários, porque os secundários
possuem uma condição de enredamento maior. De maneira que, quando um gênero
primário é incorporado por um secundário, ele se insere no mesmo, transformando
sua relação com outra realidade existente, adquirindo uma nova característica
particular.
3 GÊNEROS TEXTUAIS
COMO OBJETO DE ENSINO
Conforme citado antes, há uma imensa disparidade de
gêneros, que se constituem de acordo com as relações dialógicas de cada
comunidade linguística, o que causa uma ocorrência muito perspicaz, quanto à seleção
dos mesmos para o ensino da linguagem na sala de aula.
Os PCNs; Brasil (1998, p.21), sugerem os gêneros textuais como objetos de
ensino de Língua Portuguesa, com atividades de oralidade e escrita, como
produção e compreensão textual, de diversos gêneros, de maneira a acender a
reflexão e aprimoramento do estudante, acerca do uso e funcionalidade da
língua. E apostila que:
[...] Nessa perspectiva, necessário
contemplar, nas atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não
apenas em função de sua relevância social, mas também pelo fato de que textos
pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas. A
compreensão oral e escrita, bem como a produção oral e escrita de textos
pertencentes a diversos gêneros, supõem o desenvolvimento de diversas
capacidades que devem ser enfocadas nas situações de ensino. É preciso
abandonar a crença na existência de um gênero prototípico que permitiria
ensinar todos os gêneros em circulação social. (BRASIL, 1998, p. 23-24)
Conforme apontamento dos PCNs na citação acima, quanto à didática dos
gêneros textuais no aprendizado da língua portuguesa, sobressai-se a
necessidade de uma minuciosa compreensão acerca da abordagem sobre a
diversidade entre os gêneros textuais, abandonando a primícia de que haja um
protótipo de gênero, que permeia o ensino dos demais.
Marcuschi (2008, p. 206) destaca que diante da
múltipla diversidade dos gêneros, não há gêneros ideais para o ensino, e,
contudo, podem-se detectar modelos genéricos que permitem uma sucessão no grau
de dificuldade, partindo do mais simples ao mais complexo. E denota uma
preocupação na escolha de gêneros direcionados à compreensão e produção
textual, de forma precavida, por serem exercícios que demandam aptidões
distintas. O linguista adverte que, os próprios PCNs encontram muita
dificuldade em apresentar uma solução para a demanda de quais gêneros textuais
são mais apropriados ao processo ensino-aprendizagem, diante dessa diversidade de
gêneros disponíveis ao educador.
Com essa mesma teoria Silverstone (2002, p. 9)
recomenda que, seria conveniente aos professores trabalharem com atividades de
gêneros textuais menos conhecidos dos alunos, especialmente os escritos
vinculados as esferas de atividades secundárias, mais complexas. E cita como
exemplo, os gêneros midiáticos, por serem presentes no cotidiano das pessoas.
Para Dolz (2015, p. 6-7), “Nos últimos vinte anos, a
abordagem pelos gêneros textuais se tornou algo inevitável na didática das
línguas”. Com essa hipótese, o autor apostila os gêneros textuais, como objeto essencial
ao ensino da língua. E aponta duas razões essenciais; como a primeira; porque o
gênero discursivo permite uma reprodução das convenções que regem uma origem de
textos para um dado grupo cultural, onde as condições e a dinâmica das ações
comunicativas são norteadas por convenções sociais. A segunda razão distinguida pelo pesquisador como a
mais importante, é que numa concepção pragmática, toda comunicação se
concretiza através de gêneros textuais.
Ainda segundo Dolz (op. Cit.) se tem como principal
finalidade do ensino, o letramento, combinando a leitura com a escrita, a fala
e a escuta. E, portanto, se faz necessário uma reflexão sobre a língua, quanto à
promoção da linguagem, enquanto domínio consciente de sua efetivação, com cautelas
acerca do discurso textual comunicativo, dos procedimentos e dos significados dos
textos. O autor acrescenta que é preciso dominar a língua escrita em todos os
seus níveis e que para alcançar esse objetivo, se faz necessário o estudo dos
gêneros nas suas características e contextualizações.
Dolz (2015, p. 7) considera os gêneros como
ferramentas semióticas, cristalizando as significações associadas às práticas
sociais e cuja apropriação permite a interiorização de experiências culturais
sedimentadas historicamente. E exemplifica o gênero itinerário, como um instrumento
da semiótica que nos possibilita chegar com sucesso ao local de destino.
Perante essas teorias, podemos pressupor que, o trabalho com os gêneros
textuais em sala de aula deve propiciar aos alunos a participação na construção
de sentido do texto, com a obtenção da experiência. E no planejamento do ensino
de Língua Portuguesa, o educador precisa se atentar em métodos com diversos
gêneros textuais gradualmente, empregando as sequências didáticas, de modo a
cultivar diversos modelos de cada gênero, examinando as suas características próprias
e praticar feitios de sua escrita, antes de propor uma produção escrita final.
3.1
PROPOSTAS DE TRABALHO DOS GÊNEROS EM SALA DE AULA
Dolz (2015, p. 7-13) apresenta uma proposta de se
trabalhar o ensino dos gêneros, tanto na modalidade escrita, quanto na oral,
explorando suas diversidades, por meio de conteúdos temáticos, que segundo ele,
são relevantes no ensino da língua, por serem explícitos, de caráter particular,
conforme cada gênero e tipo textual, contendo poucos elementos comuns entre si,
o que favorece uma melhor compreensão dos alunos no exercício da leitura. O
autor avalia que os textos pertencentes a um mesmo gênero apresentam
regularidades no nível da estrutura comunicativa e semiótica, favorecendo uma
preparação e seleção dos campos lexicais para a produção oral e escrita, mas
adverte que é preciso realizar uma planificação do gênero a ser trabalhado em
sala de aula.
Outro nível, apontado por Dolz (op. Cit.) é o da aprendizagem
pelos gêneros, incluindo a criatividade para um determinado gênero, situada num
trabalho com as intervenções de planejamento, onde a organização de um gênero sempre
se insere de outros tipos textuais, com abordagem das sequências textuais, que se
organizam em unidades composicionais do gênero. O autor especifica que nesse
caso se incluem todas as unidades linguísticas que participam da coesão do
gênero, de maneira a possibilitar ao receptor a assimilação do mesmo, onde as
conexões contextuais, de uma sequência linguística, consentem se em observar a
disposição formal e a semântica que conduz à compreensão do texto. E no plano da
produção, elas fornecem ajustes de constituições disciplinares da clareza do
texto produzido.
O autor reforça que a prática didática da linguagem
por meio dos gêneros é um estudo claro de variação e mudança linguística, porque
as produções textuais são apontadas no desempenho das situações comunicativas, ajustando
as características enunciativas, onde as distinções discursivas e textuais
peculiares são estabelecidas em relação com as condições de produção. E que a
progressão das competências de linguagem dos alunos não pode se concretizar
trabalhando simplesmente com um gênero ou uma família de gêneros, sendo
imprescindível uma interlocução eficaz entre os diversos gêneros.
4 ABORDAGEM DO
GÊNERO EDITORIAL
Conforme a proposição deste trabalho, procuramos fazer
um estudo sobre diversos gêneros jornalísticos, como artigo, entrevista, carta
do leitor, crônica, notícia, reportagem, com foco no gênero editorial, por se
tratar de um gênero do tipo opinativo, que promove ideias críticas acerca de
problemas sociais polêmicos.
Sousa (2001, p. 231), classifica os gêneros jornalísticos
em: entrevista, reportagem, crônica, editorial e artigo (de opinião, análise,
etc.). Mas, argumenta que não há uma fronteira bem delimitada entre os gêneros
jornalísticos, sendo, portanto, difícil classificar com rigor se uma
determinada produção pertence a um gênero ou a outro. O autor completa que,
como subterfúgio, todas as “peças” jornalísticas poderiam ser consideradas “notícias”,
caso apontem informações novas. Essa ideia apresentada pelo autor é lógica,
mas, por prudência, não se deve empregá-la apenas com esse critério de
classificação para as notícias. O próprio autor reconhece isso, e, dissemina uma
definição para esses gêneros, afirmando que, de fato, os gêneros jornalísticos obedecem
a determinados modelos de interpretação e apropriação da realidade através de linguagens
padronizadas.
Uma das classificações mais recentes de gêneros
jornalísticos é a de Melo (2010b), que faz uma nova interpretação de seu antigo
paradigma, com uma nova disposição dos gêneros jornalísticos divididos em:
informativo, opinativo, interpretativo, diversional e utilitário, cada um com atributos
próprios de consenso e conceito social. O autor subdivide cada um desses gêneros:
informativos (nota, notícia, reportagem, entrevista, título e chamada); gêneros
opinativos (editorial, comentário, artigo, resenha ou crítica, coluna, carta e
crônica); gêneros utilitários ou prestadores de serviços (roteiro, obituário,
indicadores, campanhas, “ombudsman”, educacional); gêneros ilustrativos ou
visuais (gráficos, tabelas, quadros, demonstrativos, ilustrações, caricatura e
fotografia), propaganda (comercial, institucional e legal) e entretenimento (passatempos,
jogos, história em quadrinhos, folhetins, palavras cruzadas, contos, poesia,
entre outros).
Conforme Melo (op. cit.) entre os gêneros
jornalísticos opinativos, o editorial é um gênero textual jornalístico mais
utilizado nos veículos impressos, por apresentar a opinião de um jornal ou
revista em relação a diversos temas do cotidiano e acontecimentos sociais,
expressando o conceito coletivo dos responsáveis desses periódicos, o que
contribui para a divulgação e publicidade dos mesmos. E que, apesar dos
editoriais não serem notícias, porém, comumente são produzidos a partir de
algum fato, atual ou histórico, notícias ou dados estatísticos, o que implica
que, na produção de um editorial é necessário um agente causador, dos mais
variados temas como política, cultura, educação, religião e outros como meio de
avaliação, reflexão e crítica de determinado setor ou acontecimento social
global.
Portanto, segundo o autor, dados estatísticos e
notícias são agentes formadores mais utilizados na produção do gênero
editorial, por se caracterizarem em possíveis temas polêmicos contidos em algum
assunto específico. A introdução de um editorial por dados estatísticos ou
notícias é bastante comum em editoriais, por serem aspectos de avaliação de seguimentos
sociais e referência histórica, que embora não seja tão utilizada, mas assegura
que é a melhor fonte de definição e análise de uma sociedade, ou seja, um
recurso valioso na construção de editoriais. A metalinguagem também é outro mecanismo,
que tem como referencial o próprio veículo de comunicação, utilizado como
sustentáculo para a produção de editorial.
Das características do editorial vale destacar que, é
a opinião de um determinado veículo de comunicação, em geral são curtos e
concisos, onde a ideia central deve ser apresentada na introdução, a
problematização deve ser inserida no desenvolvimento, fundamentada através de reportagens,
notícias, dados estatísticos, citações, comparações, exemplos, depoimentos e
outros. E por último a conclusão do editorial é onde o autor apresenta soluções
ao problema ou uma síntese do tema, com motivação à reflexão crítica dos
leitores.
5 PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
Este trabalho
teve como metodologia uma pesquisa de cunho documental, que segundo Tafner et al. (2013) é uma modalidade realizada
em arquivos de empresas, escolas ou entidades públicas, bibliotecas e banco de
dados digitais, com o principal objetivo de se realizar uma análise e
interpretação de dados, sem se restringir à teoria. Para se atingir essa
finalidade, embasada em estudos teóricos, foi realizada uma pesquisa de campo, numa
escola pública do município de Parauapebas (PA), onde observamos duas aulas de
dois professores do 9º ano do ensino fundamental, que aqui por questão de ética,
denominamos a escola de “A” e os professores de P1 e P2, em seguida fomos
autorizados a ministrarmos uma aula para cada turma sobre os gêneros
jornalísticos e abandonamos os livros didáticos, utilizando jornais de notícias
locais, para realizarmos atividades de leitura e produções escritas.
6 ANÁLISE DE DADOS
A pesquisa de campo foi
realizada numa escola municipal de Parauapebas (PA), que denominamos de Escola
“A”, com 68 alunos, de duas turmas do 9º ano do ensino fundamental, onde foi realizada
uma conferência com dois professores de língua portuguesa, que conforme
observação de duas aulas de cada professor se percebeu que a metodologia do
ensino dos gêneros textuais, utilizada por ambos, é praticamente baseada nos
livros didáticos, que não oferecem muitas opções no estudo dos mesmos. Outra
observação apontada nesta pesquisa acerca dessas práticas didáticas é que eles
realizam a leitura dos gêneros, em seguida explanam superficialmente algumas
características dos mesmos em seguida realizam as atividades propostas no livro
didático e não exploram suas relações de uso e função no cotidiano, divergindo
das sugestões dos PCNs, Brasil (1998), que sugerem um estudo mais profundo dos
gêneros textuais, de forma a fornecer um aprendizado da linguagem em sua
plenitude de uso e função.
Concluídas as observações nas
aulas dos professores P1 e P2, realizamos duas aulas com abordagem nos gêneros
jornalísticos, sendo realizada uma com cada turma desses professores. Inicialmente
foram apostilados que há diversos gêneros jornalísticos, conforme pontuados por
Melo (op. Cit,), em: Informativos, opinativos, utilitários, ilustrativos,
propagandas e entretenimento. E que conforme o pesquisador, os gêneros
jornalísticos também têm suas subdivisões, das quais devido ao pouco tempo de
aula, especificamente abordamos as subdivisões dos gêneros opinativos como comentário,
artigo, resenha ou crítica, coluna, carta, crônica e o gênero editorial, que
segundo Melo (op. Cit.) é um gênero textual que expressa o ponto de vista
coletivo do meio de comunicação em que é publicado, com opiniões sobre temas e
fatos atuais, notícias, reportagens e entrevistas, omitindo o nome do redator,
por se tratar de uma opinião do veículo de comunicação, com características de
textos curtos, concisos e polêmicos.
A partir destas explicações os
alunos foram divididos em grupos e receberam jornais locais contendo
editoriais, sendo efetuada uma comparação entre notícia e editorial, para que a
partir de suas características específicas, pudessem perceber as diferenças entre
esses gêneros, compreendendo que a notícia tem um caráter informativo,
apresentada como unidade informativa completa, com um estilo de tipo textual
formal. Enquanto que o editorial é um texto dissertativo-argumentativo, que tem
como suporte o veículo de comunicação, mas tanto pode se utilizar das notícias,
como dados estatísticos, ou fatos e alusões históricas de forma a polemizar num
contexto crítico social.
Depois de realizadas as
leituras de notícias e editoriais, foi efetivado um debate acerca das
diferenças entre notícia e editorial, para em seguida ser disposta aos alunos a
produção escrita de um editorial, baseada nas notícias dos jornais escolhidas por
eles.
Analisando os editoriais
produzidos pelos educandos, percebe-se que embora a maioria das produções
escritas não tenha domínio da norma padrão da língua portuguesa, com vários desvios
ortográficos e semânticos, mesmo assim, houve uma grande compreensão sobre as
explanações acerca dos gêneros jornalísticos opinativos, com compreensão da
diferença entre editorial e notícia. Em destaque escolhemos um editorial
produzido por um grupo desses alunos, que demonstram pouco domínio da língua
escrita e conseguiram produzir um editorial de bom nível semântico, com opiniões
criticas acerca de uma reportagem sobre a contaminação do Igarapé da Área de
Preservação Ambiental (APA) do Gelado, localizada em Parauapebas, em que
questionaram a ausência do poder público e da sociedade em cobrar da empresa, soluções
para resolver estes problemas que estão impactando o meio ambiente do município,
como podem conferir na figura abaixo:
FIGURA 1 – Editorial produzido
por alunos do 9º ano do ensino fundamental
4 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
De acordo com
a proposição dos PCNs; Brasil (1998), em que a didática da linguagem deve ter
como eixo a leitura e produção textual pertinente a diversos gêneros textuais,
com suas características e contextos específicos, de acordo com as práticas
sociais. Onde Dolz (2015) reforça que no ensino da língua por meio dos gêneros
textuais, deve-se graduar o estudo da intertextualidade, apontada nas
características do gênero, como forma de escolha do que é autêntico e relevante
em relação aos intuitos escolares e às competências iniciais dos diferentes
níveis, podemos perceber nesta pesquisa, que as práticas pedagógicas conforme sugerem os PCNs,
ainda são muito distantes da realidade.
Nas nossas
considerações finais, podemos apreender através da pesquisa de campo, que houve
uma boa compreensão por parte dos educandos nas aulas que ministramos sobre
gêneros jornalísticos, quanto às suas funções e características, com produções
escritas de expressões opinativas e críticas dos alunos. E que compete ao
professor ir além dos livros didáticos, com uso de novas estratégias e dinâmicas, que possibilitem práticas
pedagógicas mais motivadoras e eficazes, quanto ao ensino da Língua por meio
dos gêneros textuais, comprometidas com a formação de um aluno/letrado.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética
da criação verbal. Tradução: Maria Ermantina Galvão G.
Pereira. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua
portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DOLZ, Joaquim. Os
cincos ‘novos’ desafios para o ensino da língua portuguesa. Palestra proferida
no Seminário Internacional Escrevendo o Futuro em São Paulo (SP), 22-23 jun.
2015. Disponível em:
<https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/videos/formacao/palestras/artigo/1824/os-cinco-novos-desafios-para-o-ensino-da-lingua-portuguesa>
Acesso em 26/03/2017.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 8. ed. São
Paulo: Cortez, 2007.
______. Produção de
texto, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial,
2008.
MELO, José Marques de. Panorama
diacrônico dos gêneros jornalísticos. In: Congresso Brasileiro de Ciências
da Comunicação, 33. Caxias do Sul, 2010. Anais eletrônicos. São Paulo:
Intercom, 2010b. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2010/resumos/R5-2215-1.pdf>.
Acesso em: 18 abr. 2017.
SILVERSTONE, Roger. Por
que estudar a mídia? Tradução: Milton Camargo Mota. Edições Loyola: São
Paulo, 2002.
SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de Jornalismo Impresso. Biblioteca On-Line de Ciências da
Comunicação da Universidade da Beira Interior de Portugal. Porto: 2001.
Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-de-jornalismo-impresso.pdf>.
Acesso em: 20 mai. 2017.
TAFNER, Elizabeth Penzlien. Língua portuguesa: laboratório do texto. Indaial: Uniasselvi, 2011.
TAFNER,
Elizabeth Penzlien et al. Metodologia
do trabalho acadêmico. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2006.
[1] Professor
de Língua Portuguesa; graduando em Direito pela Unitins; graduado em Letras
Português/Literatura pela Uniasselvi/2017; Pós-graduado em Docência no Ensino
Superior e em Língua Brasileira de Sinais – Libras/Uniasselvi/2018. E-mail: junobrasil3@gmail.com
[2] Mestre em Ciência da
Educação na Especialidade de Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores,
pela Escola Superior de Educação Almeida Garrett/Lisboa. * Revalidado na
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Língua Portuguesa na
Escola Estadual Indígena Tatakti kyikatêjê. E Tutor na Uniasselvi no curso de
Letras, Marabá. E-mail: clebsonpeixoto@hotmail.com